sexta-feira, 20 de março de 2015

Você me perguntou
o que eu pensei que só tu soubesses.
Resignada,
decepcionada.
Continuo procurando as respostas
que agora nem tu tens.
Sobre mim
só quero que saibas
que é tudo fachada
tudo escudo.
Eu juro ter-lhe fechado todas as portas,
mas tu sabes que sempre terá
aquela frestinha na janela a te esperar.
Se quiseres,
podemos também construir uma ponte
e transpor o abismo que nos distancia.
Mas pra isso temos combinar
tu começas de lá
e eu de cá.

- DG

quarta-feira, 4 de março de 2015



Desculpa o transtorno
de quando transbordo.
Ignore as alfinetadas explícitas
de minhas palavras etílicas.
Perdoa a falta de tato,
a invasão de espaço.
Se eu te ligar,
esqueça o que ouviu
assim que a ligação acabar.
E se não for tarde pra tentar
ainda espero estar
em cada xícara de café preto que você tomar

- DG

Mais um ensaio sobre nós



Hoje é um daqueles dias frescos do começo do outono, onde as folhas começam a cair e o meu humor começa a melhorar – você sabe bem da minha aversão ao calor - . Como prometido peço ao meu chefe aqueles dias de folga que ele me deve, e vou pra aí te ver, pois a saudade está apertando e essas conversas de facebook e whats app já não são o suficiente.
O caminho até sua casa traduz os 40 minutos mais longos da minha vida. Enfim estou na porta, milagrosamente com o coração ainda dentro do peito. O seu perfume chega primeiro, e já vem acompanhado desse sorriso torto que é tão teu, a barba mal feita que eu tanto gosto e o infinito olhar castanho.
É uma graça te ver tentando arrumar as coisas pra me receber, me pedindo pra esperar enquanto prepara algo para jantarmos – difícil decidir qual de nós dois é o pior na cozinha -. Melhor ainda é a tua cara de frustração quando te peço toda manhosa pra vir deitar ao meu lado: “larga essas panelas, depois a gente pede uma pizza”. Você vem, e a noite se vai com nós dois entrelaçados aproveitando cada segundo, e enfim adormecendo esparramados, pois somos espaçosos demais pra aguentar mais que 5 minutos deitados de conchinha.
Mas, tudo isso claro se você fosse meu e não estivesse bêbado (chapado talvez) em algum lugar sem nem saber da existência desse texto, e dessa vontade. 

DG

O Álcool que bebi



Entendi,
não é pelo vazio que bebemos.
E sim por estarmos cheios
de medos,
de dores,
de sentires e dizeres.
Então me diz,
o que há de errado com esse álcool que eu bebi?
Ao invés de esquecer
me fez lembrar-te.

- DG