segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Não quero olhar através da janela
e ver o vento chacoalhando as árvores ao longe.
Quero poder sentir a brisa no rosto
viver a ventania e seus dissabores.

Sentir é minha idiossincrasia
tudo que me rouba o tédio
aprecio em demasia.

Das pessoas que conheci
coleciono sensações.
Uma montanha difusa de sentimentos
fantasias e ilusões.

A cada nova boca
uma nova largada.
Dos homens que conheci
para alguns a cama foi a chegada.

Não é preciso muito para conhecer meus lençóis.
Difícil é tornar duradouro, o calor fugaz da paixão.
Aquele que manteve meu amor, considero herói.
Dele guardo uma doce ilusão
do que um dia fomos nós.

DG



domingo, 15 de outubro de 2017

Olhe para frente
e procure a saída do túnel de desgraças
no qual se meteu.
Assuma cada escolha
que a colocou no lugar em que está agora.
Dispa-se de falácias,
levanta e anda.
Ou acaso preferes tu
seguir nesta distanásia deplorável
que tens a audácia de chamar de vida?
Me parece preferível
morrer, como a desgraçada ímpar
que seguiu até o último dia
honrada do caminho que trilhou,
sem se esconder de si.
Olha para frente e siga.
Esse reservatório de culpa,
nem de longe faz teu estilo.
DG



Luta
Não abaixa a cabeça
Seja quem você quiser
Grita
Vamos fazer um escândalo sim.
Não é querela
Não é birra
É violência.
É homicídio

DG
Gosto de acreditar
Na teoria do multiverso.
Na existência de todos os universos possíveis.
E gosto mais ainda de crer
que em algum deles
nós estamos perto.
Bem pertinho.

DG
Esse era o retrato da jovem:
20 e poucos anos,
cabelos presos em um coque feito às pressas e
imensos óculos escuros que lhe protegiam os olhos claros.
Caminhava a esmo.
Sem saber para onde ia, não tinha bagagens.
Carregava consigo
apenas a leveza,
e aquele sorriso característico
de quem é feliz vestindo a própria pele
e se orgulha das próprias entranhas.
Isso a bastava.

DG

terça-feira, 25 de julho de 2017

Eu só sinto vazio.
E quando uma palavra aleatória se torna sentimento,
é preocupante.
No fim eu tenho medo que o mundo descubra
que eu não sou nada.
Apenas mais uma pessoa totalmente dispensável
que tenta a todo custo
se mostrar minimamente interessante.
Sinto como se vivesse num filme.
Um daqueles clássicos com jovens adultos problemáticos
que querem parecer autênticos
na tentativa débil de esconder
que não sentem nada
que não possuem perspectiva,
ambição ou sonho.
Eu sou nada
Um grande e corpulento nada


-DG