sexta-feira, 15 de junho de 2018


Hoje eu não quero flores.
Quero andar na rua sem o crachá de puta.
Caminhar sem pressa e sem medo,
seguir sem o peso do teu olhar violento.
Quero ver no espelho um reflexo meu sem tuas marcas.
Quero me sentir bonita e inteligente,
eu quero ser suficiente.
Hoje eu não quero ser culpada por erros teus.
Quero falar com outras pessoas sem o rol de vagabunda,
me livrar da moralidade pífia do teu código de conduta
mostrar que a puta aqui
não foge à luta.


DG

Em princípio eu pensei que não teria você.
Mas aos poucos você foi aparecendo.
De pouquinho em pouquinho,
mesmo bem devagar
eu achei que me daria o mundo.
Mas agora eu entendo
você me oferecia migalhas de si,
porque já tinha se dado inteiro
pra outra pessoa


DG

Estou sufocando.
Meu corpo transborda
impermanência.
Parada no limiar da decisão
me sinto presa
as margens de um labirinto.
Adio a entrada na casa de labrys
pois meu eu transborda.
Indecisão


DG
Julgam-me inconstante, volúvel.
Mas se vives além da mesmice, é devido à mim.

EU SOU AQUELA QUE LHE PROPICIA
ACHANCEDEAPROVEITARCADAVESTÍGIODESEGUNDODOTEMPODECADADIA
REÚNO TODA A ENERGIA POSSÍVEL PARA LHE DAR
ASSIM PODES PENSAR EM TODOS OS SEUS PLANOS SEM PRECISAR PARAR.

Mas, às vezes para.

Um hiato melancólico...
Para analisar tudo o que passara.


Um silêncio caótico...
Um olhar minucioso que em tudo se demora.


Há que concordar, a mudança de compasso, é valorosa, sim.
Nomear-me é pura formalidade,
Creio que já tenhas ouvido falar de mim.
Ainda assim, chamam-me de bipolaridade.

DG
Você diz que eu vejo beleza demais em quem não tem.
que vejo o que você pode ser,
não o que é.
Mas se visse de outra maneira não seria eu.
Se me dói ser quem sou
tentar vestir outra pele, outro ser e outros olhos
doeria mil vezes mais.

DG

segunda-feira, 9 de abril de 2018

.


Vejo você mergulhado em minha taça de vinho
e me pergunto onde eu te perdi.
Numa volta rotacional
a Terra girou rápido demais e você me escapou.
Ou será que terás escolhido fugirdes de mim?
Meu teor existencialista não me permite pensar o contrário.

Vejo você mergulhado em minha taça de vinho
penso em que bar estarás agora
destilando em discursos eloquentes toda a beleza contida no mundo
todo o encanto que sai de ti e inunda olhos e ouvidos como os meus.
Gostar-me-ia ser a tua plateia.

Vejo você mergulhado em minha taça de vinho
e ouço o som de sua risada
sinto a delícia de ouvir-te rir, e de rir contigo.
A cítara da tua alegria é para mim como mantra que exulta a alma.
Gostar-me-ia ter sua graça.

Vejo você mergulhado em minha taça de vinho
olho para as estrelas e me pergunto
se diante da vastidão de um multiverso
em algum mundo te tenho por perto.

Débora Gregorini







segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Não quero olhar através da janela
e ver o vento chacoalhando as árvores ao longe.
Quero poder sentir a brisa no rosto
viver a ventania e seus dissabores.

Sentir é minha idiossincrasia
tudo que me rouba o tédio
aprecio em demasia.

Das pessoas que conheci
coleciono sensações.
Uma montanha difusa de sentimentos
fantasias e ilusões.

A cada nova boca
uma nova largada.
Dos homens que conheci
para alguns a cama foi a chegada.

Não é preciso muito para conhecer meus lençóis.
Difícil é tornar duradouro, o calor fugaz da paixão.
Aquele que manteve meu amor, considero herói.
Dele guardo uma doce ilusão
do que um dia fomos nós.

DG